Coordenadora: Francisca Ferreira Michelon
Coordenação Adjunta: Jossana Peil Coelho
Financiamento: Apoio recebido do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico -CNPq / Brasil – Chamada CNPq No 09/2022 – Bolsas de Produtividade em Pesquisa – PQ
Instituição Parceira: Universidade de Sevilha
Equipe: Amanda Mensch Eltz, Cláudia da Silva Nogueira, Flora Coelho Jerozolimski, Juliana Mohr dos Santos, Giane Trovo Belmonte, Vicente Julián Sobrino Simal
A construção do objeto desta pesquisa, que está delimitado na sua condição territorial e espacial, partiu de uma consideração elementar ao campo observado: se o impacto da industrialização é potente no processo urbano, igualmente (ou mais) o é no rural. Nas regiões nas quais se pretende atuar, sobretudo a Microrregião de Pelotas, por onde se inicia, a situação socioeconômica é decorrência direta do processo urbano da região que implica uma área rural extensa, na qual predominam variáveis transversais aos municípios que definem elementos de uma cultura compartilhada. Identificar os bens e aplicar sobre eles um processo de preservação fundado em princípios que caracterizam os museus de comunidade, determinam que só pode ser realizado em conjunto com a comunidade, sendo esse processo o principal objetivo do trabalho.
Coordenadora: Francisca Ferreira Michelon
Coordenação Adjunta: Jossana Peil Coelho
Financiamento: Apoio financeiro do Estado do Rio Grande do Sul, por intermédio da FAPERGS – EDITAL FAPERGS/CNPq 07/2022 – Programa de Apoio à Fixação de Jovens Doutores no Brasil
Instituição Parceira: Universidade de Sevilha, Universidade de Málaga
Equipe: Amanda Mensch Eltz, Cláudia da Silva Nogueira, Flora Coelho Jerozolimski, Joao Fernando Igansi Nunes, Juliana Mohr dos Santos, Giane Trovo Belmonte, María Isabel Alba Dorado, Rayza Roveda Ataides, Ubirajara Buddin Cruz, Vicente Julián Sobrino Simal, Wagner Halmenschlager
Este projeto surgiu do Acordo de Cooperação Técnica no 11/2022, celebrado entre a Universidade Federal de Pelotas e Universidade de Sevilha (Espanha). O tema circunscreve-se no diverso e amplo campo de estudos do Patrimônio Industrial. O objeto são as extintas fábricas familiares de alimentos da antiga zona rural de Pelotas e o estudo de possíveis usos sustentáveis para esses espaços que cumpram, também, com promover, participar ou incentivar a sustentabilidade do território no qual se encontram. Em geral, a maioria das fábricas extintas acaba tendo destino similar: o abandono. Muito poucas, das que não se tornam espaços esquecidos, adquirem um uso que lhes permite evocar a densidade patrimonial e histórica que a elas é inerente. São o principal suporte das memórias de um tempo suplantado, o da fábrica ativa. No entanto, se a revitalização de um patrimônio industrial em área urbana já é minoritária perto a de outras tipologias patrimoniais, na área rural é quase improvável que venha a acontecer. Portanto, o debate que se estabelece é como pode ser a sustentabilidade desses lugares e, sobretudo, como torná-los lugares de sustentabilidade em zonas de pouca visibilidade cultural.
Pesquisador: Wagner Halmenschlager
Pesquisas sobre as festas e a tradição local do município de Morro Redondo/RS, para a formação de uma paisagem gastronômica do município. Mais precisamente se a patrimonialização dos doces coloniais foi um processo que obliterou o reconhecimento de outras práticas gastronômicas, a fim de contribuir com o resgate da história da culinária da região de Morro Redondo/RS, abrir uma discussão sobre a maneira de pensar a política nos processos de patrimonialização dos alimentos e verificar a existência de novos patrimônios alimentares, para contribuir com a identificação da paisagem gastronômica do município de morro redondo, auxiliando na preservação de hábitos alimentares que formam práticas culturais, sociais, sua relação direta entre consumo e os meios de produção na formação da tradição local, proporcionando a perpetuação do conhecimento, das práticas do saber fazer, bem como a descoberta potencial de novos patrimônios alimentares
Pesquisadora: Juliana Mohr dos Santos
Logo após me formar em Magistério optei pela Licenciatura em História e tempos depois fiz o Bacharel. Durante a graduação tive oportunidade de trabalhar em projetos de pesquisa que desenvolveram o meu apreço pela da educação patrimonial e as diferentes questões que constroem a identidade dos grupos. Hoje depois de ter vivido experiências em pesquisas envolvendo arqueologia, história oral, gestão de acervo documental e fotográfico voltei as origens familiares para valorizar a cultura do litoral norte do Rio Grande do Sul. Dos muitos aspectos singulares que as famílias agricultoras dessa região, que mistura lagoas, serra e mar, desenvolveram para prover seu sustento, escolhi pesquisar não sobre o alimento que produzem, mas os sabores da sua comida diária. Os sabores únicos das comidas do cotidiano que permeiam a memória de várias gerações, criadas a partir dos produtos disponíveis em suas plantações, junto com suas receitas europeia e o que aprenderam com as técnicas de processamento indígenas. Cada comunidade que pertencia a antiga Torres possui receitas que tem por base o mesmo ingrediente principal, o polvilho, mas com receitas e sabores caraterísticos daquela comunidade. Meu intuído com a pesquisa é registrar os saberes gastronômicos locais, fomentar a valorização da identidade desses grupos e, em certa medida, proteger o jeito de viver litorâneo das famílias que estão na região a mais de 150 anos e hoje estão sufocadas pela cultura dos novos moradores que para lá migraram.
Pesquisadora: Desirée Nobre Salasar
Sou Desirée, pelotense, cria da UFPel, apaixonada pelo mundo dos museus, por cultura e por Portugal. Fui bailarina durante uma grande parte da minha vida. Não fico um só dia sem ouvir música e gosto muito de conhecer lugares novos e saber suas histórias.
Me considero militante do movimento anticapacitista, onde acredito que a nossa sociedade continua a criar muitas barreiras para as pessoas com deficiência, ainda nos dias de hoje, e que esta estrutura precisa ser modificada, pois invisibiliza e oprime esta parcela da população. Nesse entendimento, muitos museus continuam a priorizar apenas uma forma de comunicar com seus visitantes, tornando-se inacessíveis para muitas pessoas. Assim, por acreditar que os museus são espaços de grande potencial para refletirmos de uma forma crítica sobre a nossa sociedade e que devem estar prontos para receberem quem os quiser visitar – independente de suas características, pesquiso acessibilidade cultural e comunicação inclusiva em museus.
A minha pesquisa fundamenta-se na comunicação inclusiva na perspectiva do Desenho Universal, ou seja, priorizamos o uso coletivo ao uso individual. A comunicação como base estrutural do ser humano e dos museus tornam necessário encontrar diferentes métodos comunicacionais que ampliem a fruição nestes espaços. Portanto, trata-se de um estudo de caso de um museu português que utiliza diferentes estratégias de comunicação para diferentes públicos, incluindo pessoas com deficiência, destacando-se como um museu de referência na área da acessibilidade e inclusão.
Eu faço esta pesquisa porque entendo que todas as pessoas têm o direito ao exercício da cidadania cultural, e infelizmente, muitos museus ainda não estão preparados para se comunicarem com públicos que antes não eram vistos como públicos de museus, como as pessoas com deficiência, por exemplo.
Assim, acredito ser importante fazer um estudo aprofundado de um caso de sucesso para que outras pessoas e outras instituições possam conhecer este espaço e refletir sobre o quanto um museu pode ser inclusivo de uma forma discreta e confortável aos seus visitantes.
Espero descobrir qual a relevância de um processo colaborativo e dialógico com a comunidade para que o museu seja, de fato, inclusivo.
Pesquisadora: Amanda Mensch Eltz
Doutoranda em Memória Social e Patrimônio Cultural pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL – turma 2021), sob orientação da Profa. Dra. Francisca Ferreira Michelon. Mestra em Museologia e Patrimônio pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2019). Licenciada em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2009). Especialista em Educação Especial e Gestão de Processos Inclusivos pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2016).
A pesquisa tem por espaço-lugar o litoral Norte do Rio Grande do Sul e é dividida em três momentos. No primeiro será desenvolvido o percurso histórico cultivo e derivados da cana doce na região. O segundo abordará o conceito patrimônio agroindustrial familiar, assim como, saber-fazer e tradição no cultivo e beneficiamento da cana-de-açúcar. Por fim, serão analisados os fatores de impacto que interferem na manifestação cultural, como políticas e ações públicas, para além do campo do patrimônio, ressaltando a urgente abordagem interdisciplinar com vistas a preservação e difusão do bem imaterial vivido.
Pesquisadora: Laiana Pereira da Silveira
Pesquisadora na Universidade Federal de Pelotas, através do Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural. Programa no qual realizei meu mestrado e atualmente faço meu doutorado, com foco em vestuário esportivo. Minha base de formação é a graduação em Design de Moda, pelo Instituto Federal Sul Rio Grandense campus Pelotas Visconde da Graça.
Neste momento, pesquiso os processos históricos, memoriais e identitários dos uniformes do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, desde a formação do clube em 1903. Pesquisa que envolve questões econômicas, culturais, tecnológicas, sociais, migratórias, identitárias, regionais, geográficas, entre outras esferas relevantes para compreender determinados processos.
A ideia de pesquisar um dos pilares da cultura nacional que é o futebol, fenômeno social tal como o vestuário, surge da urgência de trazer tais relações para dentro do espaço acadêmico, como forma de compreender sua importância também na esfera científica. O vestuário, básico e indispensável no nosso dia a dia, mas agora voltado para um público específico que é o consumidor de artigos esportivos têxteis: as camisas de futebol.
A fim de compreender não apenas como surgiu os uniformes que acabam sendo comercializados para os torcedores pelo seu viés histórico e econômico, mas compreender as questões de pertencimento, de afetividade, de materialidade, de colecionismo e do simbólico, assim como o uso de recursos mnemônicos do clube como estratégia de marketing que converta o produto da indústria criativa (vestuário) em arrecadação para o time.
Assim sendo, o estudo busca compreender o mercado de vestuário, um setor dinâmico, que possui diversas influências externas. Sabendo que esse dinamismo está presente também no futebol: contratações de jogadores, novos patrocinadores, lançamento de uniformes a cada temporada, etc. Estes são alguns dos diversos aspectos que tornam o futebol, assim como o mercado do vestuário, uma área em constante movimento e que fideliza milhares de pessoas, muitas vezes capazes de cometer loucuras em nome de uma paixão avassaladora e irracional.
Portanto, além da pesquisa preencher uma lacuna significativa no campo da memória social, referente ao vestuário e futebol, além de contribuir para o desenvolvimento teórico do campo acadêmico, e da contribuição acadêmica, observando o impacto histórico, social e econômico, há também o interesse pessoal e a paixão pelo assunto, o que motiva ainda mais a construção da pesquisa, que é de fontes inesgotáveis e está sempre em movimento.
Pesquisadora: Denise Prado Costa
Produzir uma escrita memorial está alicerçado na ideia de revisitar feitos que a vida na dança me oportunizou e que, para tanto, lanço mão de múltiplos fragmentos que ora são líricos e ora dramatizados, o que entendo ser os delineamentos do viver.
Destaco as danças como uma das narrativas da minha vida, um arcabouço sócio histórico que me constitui enquanto sujeito de escolhas, uma contadora de histórias pelo movimento e pela reflexão estética. Uma mulher que abre suas memórias e histórias, em uma comunhão de acontecimentos, expressividades e conhecimentos de um corpo que vivencia o gesto, coreografias codificadas e agrega inúmeras experiências ao longo do caminho.
Falar sobre as danças na cidade do Rio Grande RS, através da historicidade local, implica em apresentar caminhos para que esta linguagem dos corpos seja mais uma vez evidenciada nos espaços acadêmicos. Assim já indico que essa produção parte de uma abordagem contextual, momentânea e será fruto de um processo elaborado por subjetividades diversas, tecidas em diálogos com muitos sujeitos. Além disso, arrisco-me a afirmar uma certeza, ainda que momentânea, de que a arquitetura dos relatos, compreenderá o processo memorial que pretendo estabelecer, na pesquisa das fontes primárias, depoimentos, documentos, imagens, desejos e de experiências relevantes de serem registradas e contextualizadas, tal como uma coreografia. E que nessa trajetória memorial que pretendo buscar, identificando, portanto, nos documentos que vão vir e que serão feitos por mim, como as entrevistas e a tomada de depoimentos, buscarei identificar essa cidade. Cidade que flui como as águas do mar, numa trajetória também estética, expressiva e histórica.
Pesquisar esse contexto histórico através das danças, traduz um fascínio meu, que me inquieta e ao mesmo tempo me motiva a buscar respostas dentro de contextos específicos, construídos ao longo do tempo, por pessoas inseridas em diferentes momentos, tempos e ambientes. Buscar o inventário desses registros é algo que dignifica a minha essência, enquanto bailarina, professora e pesquisadora. Essa afirmativa deriva do fato de ser um estudo movido por emoções, trocas e caminhos construídos, protagonizados e questões que me acompanham ao longo da vida, no decorrer de um percurso onde investigo a arte de dançar, trazendo em cena aqueles e aquelas que vieram antes de mim. Os caminhos percorridos, as experiências e vivências nos permitem constituir a nossa história como seres únicos.
Destaco, então, que estou em busca de memórias que resistem vivas nas oralidades, nas culturas e saberes populares, expressados por meio das danças. Parto da premissa de que, para o desenvolvimento de uma pesquisa, o objeto a ser estudado deve envolver a proponente, no sentido mais amplo que se possa imaginar, envolta nas suas histórias e experiências. Filiada a este pressuposto, viso à produção desta pesquisa com a certeza de que sou capturada pela pertença que tenho às danças (seja pela prática, docência ou produção cultural), em virtude de uma inquietude de pesquisadora. Ocorre, portanto, um afetamento de uma mistura de sentimentos e vontades, de querer saber mais sobre como as danças podem auxiliar na construção de identidades locais, associando as fontes que serão produzidas diretamente com a minha caminhada. Dessa forma, transformar as danças em problema de pesquisa, implica em descolar-me dos saberes, poderes e formas de subjetivação e colocar-me em experimentação. Isso se deve por observar nos processos históricos das danças, campos investigativos nos quais, a cada contato, se assentam novas interrogações e possibilidades de problematização, sobre as rotinas e desenvolvimento social. Afirmo, contudo, que não buscarei construir a História das Danças, mas direcionar olhares sobre e como elas estão presente na história e memória deste município.
Pesquisadora: Giane Trovo Belmonte
Giane Trovo Belmonte, filha, mãe e avó. Com formação básica na área de extensão rural e educação, encontrei no convívio com pessoas e seus lugares, um espaço de conhecimentos, trocas, sentimentos, descobertas e muita empatia. Por meio da pesquisa de mestrado, investiguei sobre os detentores da tradição do doce colonial da antiga Pelotas, juntamente às famílias de tradição doceira da cidade de Morro Redondo, que mantêm os costumes da feitura do doce transmitida por meio de gerações. O objetivo do estudo foi identificar quem é ou quem são os Tesouros Humanos Vivos que a comunidade e o poder público reconhecem como tal. A partir dos estudos e visitas, identificou-se elementos que concentram ações de proteção ou indicam conflitos sobre as práticas desse detentor, gerando reflexão sobre as garantias de viabilidade desse Patrimônio Cultural Imaterial. Os procedimentos metodológicos adotados foram de caráter qualitativo, descritivo e empregaram-se instrumentos de pesquisa bibliográfica e documental, registros fotográficos, visitas e entrevistas e suas transcrições parciais. Mediante o cenário e às ações coletivas praticadas, observou-se que o THV existe tanto quanto a tradição. Contudo, identificou-se um cenário de conflitos e resistências que causam ranhuras e descrença no patrimônio como instituição. Sendo assim, o cenário e as ações coletivas de salvaguarda da tradição doceira devem ser pensadas de maneira a auxiliar e proteger esse patrimônio vivo.
Pesquisadora: Katia Helena Rodrigues Dias
Paulistana, residente na cidade de Pelotas/RS desde 2005. Graduada em Artes Visuais (2009), com mestrado (2012) e doutorado (2021) em Memória Social e Patrimônio Cultural pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Desde 2013, ocupante do cargo de fotógrafa na UFPel e atual Coordenadora da Fototeca Memória da UFPel.
O que pesquisas – fotografia e memória, acervos fotográficos, processos fotográficos históricos.
Por que pesquisas isso – primeiramente por meu interesse pessoal e também para alcançar objetivo de tornar a fotografia presente nas diversas esferas da minha vida.
Para que serve – preservar a imagem fotográfica e propor reflexões sobre esse objeto.
E o que esperas descobrir – possibilidades de estudos correlacionados a outras áreas do conhecimento e ter conhecimento de outras pesquisas